O que fazer na Serra do Tepequém, no Amajari, norte de Roraima
- Anderson Vasconcelos
- 14 de jun. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 31 de jan. de 2022

O letreiro na principal via da Vila do Paiva é "parada obrigatória" pra quem visita a Serra.
A 210 km de Boa Vista, a Serra do Tepequém, no Amaraji, município roraimense já na fronteira com a Venezuela, tem atraído cada vez mais visitantes em busca de um lugar para relaxar ou curtir uns dias de folga em pleno contato com a natureza, longe do agito da cidade. A região de montanha que tem mirantes de tirar o fôlego também conta com atrativos para quem não abre mão de um bom banho de água gelada: são cachoeiras, corredeiras e lagoas, localizadas a poucos minutos da principal via do vilarejo.
A Lagoa do Paraíso é uma delas, uma piscina natural de água cristalina, com fundo de areia e cercada de vegetação baixa. Um balneário de águas calmas, ideal para quem está com criança e acessível a 10 minutos de carro da Vila do Paiva, como é chamado o local que concentra as habitações, hospedarias, restaurantes e os equipamentos públicos (uma escola pública e uma unidade básica de saúde) no topo da Serra. O atrativo é altamente recomendado para quem quer passar uma manhã ou uma tarde "de bubuia".
O acesso à trilha que leva à Lagoa não é sinalizado. Por isso, a recomendação é buscar um guia para fazer esse e outros passeios. Para chegar até ela é preciso passar um por um casebre onde vive o seu Wilson, ex-garimpeiro que, entre idas e vindas - chegou à região no fim da década de 1970, vindo do Ceará - se estabeleceu de vez na região. Conversador, ele dá as boas-vindas a quem chega ao local, logo no início da trilha que leva ao “Paraíso” em poucos minutos de caminhada.
Combine esses dois atrativos num único dia de passeio: Lagoa Paraíso e Corredeira da Laje.
O mesmo caminho, passando pela lagoa, leva, em mais 10 minutos andando por um vale, à Corredeira da Laje. Pela proximidade com a Lagoa, aproveite para fazer o “combo” (R$ 150*) no mesmo dia. O trajeto para a Laje exige mais atenção por ser de descida em um chão de piçarra, onde a gravidade pode fazer valer sua força e levar alguém ao chão mais fácil (risos). Passamos ilesos desse trecho escorregadio, mas não dos piuns, como são chamados os mosquitos que nos “devoram” pelo caminho. Repelente não é suficiente. Se puder, use também camisas de manga cumprida e calça, assim você fica protegido dos pequenos insetos e do sol.
Na corredeira, aproveite a água gelada e, em alguns pontos, a “massagem” gratuita que a natureza oferece. Se quiser dar um trato na pele, a argila roxa será sua “parceira” nessa missão, pois esses minerais têm propriedades rejuvenescedoras.
Se você não se sentir mais jovem depois dessa experiência, pelo menos vai voltar renovado do lugar (risos): o banho na corredeira deixa qualquer um relax! Na volta pela trilha, praticamente no topo do vale, tomei coragem para fazer as fotos mais livres que já fiz, como vim ao mundo (só serão reveladas aos assinantes! rsrsrs)
Com acesso pela mesma estrada de barro que sai do centrinho do vilarejo está outro atrativo da região: a Corredeira do Cabo Sobral (R$ 80*), nas proximidades de onde se situava uma das primeiras vilas de Tepequém, quando a atividade do garimpo movimentava a localidade. A corredeira exibe sua força bem em seu centro. Aprecie, mas não desafie. É melhor curtir a água na segurança de suas margens, onde a velocidade e o volume são menores. Zezé curtiu demais a água na faixa de areia, na qual construiu seus “castelos”. Outro trecho conta com pequenas quedas, convidativas para uma massagem relaxante.
Pela mesma estrada, mais distante que os atrativos anteriores, está a que mais gostei: a Cachoeira do Barata (R$ 80*) - apelido de um antigo garimpeiro que a batizou -, formada por quedas em sequência que “abastecem” piscinas naturais de água esverdeada - a maior delas cercada por rocha e onde se pode tomar um banho revigorante e com direito a mergulho. Para chegar até ela, é preciso descer uma escadaria com degraus contornados com pneus e, já com o pé n’água, passar, com muito cuidado, um trecho de corredeira, com ajuda de um corda. Grande parte dessa piscina natural não dá pé, mas rende imagens lindas. Aprecie com moderação: evite saltos, pois o fundo dela também é formado por rochas. No Barata, se permita flutuar, mergulhar ou simplesmente apreciar o conjunto.
A Serra do Tepequém, em Roraima, tem atrativos para quem curte aventura ou sossego.
Outra queda d’água muito procurada na região é a Cachoeira do Paiva (R$ 80*), mais alta e com volume muito maior que a do Barata. O acesso até ela é pela principal estrada da vila, a que leva também ao Mirante do Paiva. O primeiro trecho do trajeto é destacado pelas pedras grandes pelo caminho, nas quais há várias setas pintadas indicando o sentido até a cachoeira. Após poucos minutos de trilha, é preciso descer ainda uma escadaria de madeira com aproximadamente 250 degraus e seguir mais um pequeno trecho até dar um mergulho revigorante. Mas, atenção: se a água estiver muita agitada, prefira curtir à margem, à sombra das árvores. E no período de chuvas intensas, evite esse atrativo.
Antes de voltar pra casa, não deixe de curtir também a estrada, que é capítulo à parte: em alguns trechos a vista é deslumbrante. Porém, dirija com atenção e prefira apreciar a serra longe do volante. A propósito, mantenha-se longe da direção também depois curtir uma noite no Bar Platô 2112, da Pousada de mesmo nome, point animado da Serra e que tem uma cerveja geladíssima (daquelas de saciar a sede! rsrsrs) e várias opções de pizza. Outro programa que vale a pena, na vila do Paiva, é alugar uma bike (R$ 40/diária; ou R$ 10/hora) no Camping Picuá e sentir a brisa tocar o rosto enquanto explora a região com a "magrela".
No caminho de volta ainda pode rolar mais um banho gelado: a opção é a Cachoeira do Cupim (R$ 80*), a 3 km do vilarejo. Não há identificação na estrada que dá acesso à cascata, frequentada principalmente pelos moradores de Tepequém. Um verdadeiro refúgio a poucos passos da pista! A queda d’água é baixa, mas garante a massagem gratuita nas costas, enquanto as pernas ficam mergulhadas em uma “piscina” natural deliciosa, cercada de verde - o cenário perfeito para encerrar os dias de passeios pela Serrinha.
* Fizemos os passeios com a Tepequém Aventura e Turismo, da guia Shâmara Saraiva. Os preços mencionados são por atrativo e para um grupo de até 5 pessoas.
ANOTE AÍ!
Quando ir:
Em Tepequém há duas “estações” bem definidas: a chuvosa (abril a agosto, com chuvas mais intensas em junho) e a seca (setembro a março). No pico do período chuvoso, as quedas d’águas são mais volumosas e podem ser mais perigosas. Os dias também podem ser mais fechados, nublados e até com cerração, porém a temperatura fica muito agradável e há poucos visitantes nos atrativos. Clima ideal para descansar na Serra! Não foi o que fizemos (risos!): conhecemos a Serrinha, como ela é chamada pelos moradores, no mês de maio e fizemos vários passeios com o tempo encoberto. Na outra estação, os dias são quentes e as cachoeiras convidam a um banho refrescante, atraindo muito mais gente à região. A temperatura média anual é de 26º C.

Como chegar:
A Serra do Tepequém, no Amajari (município que faz fronteira com a Venezuela), fica a 210 km de Boa Vista. A opção é voar até a capital roraimense e de lá seguir por estrada: considere alugar um carro, tomar o ônibus de linha que segue até a Vila de Tepequém ou, se estiver em grupo, fechar o passeio com uma agência ou apenas o serviço de transfer. Para quem sai de Manaus, há a opção de fazer todo o trajeto pela estrada (são cansativos 750 km de uma capital à outra e mais o trecho até o destino). Partindo de Boa Vista siga pela BR-174 sentido Venezuela e um pouco depois do quilômetro 100 pegue a estrada à esquerda, a RR 203. São pouco mais de 50 km para chegar à sede do município do Amajari e outros 50 km para chegar ao vilarejo no topo da Serra. Essa foi a nossa opção: saímos da capital amazonense às 7h de uma quarta-feira e 10h horas depois estávamos em Boa Vista. A estrada está em boas condições, sobretudo em Roraima. O trecho mais difícil é depois de Presidente Figueiredo e antes de chegar à reserva indígena Waimiri-Atroari, ainda no Amazonas, em virtude de muitos buracos na estrada.
Transporte:
- Aéreo até Boa Vista (ida e volta) saindo de: Manaus (R$ 694/TAM), Brasília (R$ 682/GOL) e São Paulo (R$ 757/TAM).
- Ônibus de Manaus até Boa Vista (só um trecho): de R$ 220 a R$ 400 com a Amatur, a Asatur, a Caburaí ou a Eucatur.
Quem leva:
- NJ Turismo (linha até a Vila de Tepequém) – 95 99117-4672 / 99148-5001
- Makunaima Turismo (transfer e passeios na região) – 95 98111-7669
- Clézio Uber (transporte particular) – 95 98107-3101
Onde ficar:
- Estância Ecológica Sesc Tepequém: até R$ 487/diária (quarto duplo, com pensão completa);
- Pousada Platô do Tepequém: até R$ 300/diária (chalé duplo)
- Pousada Tepequém: até R$ 295/diária (chalé duplo)
- Pousada PSJ Tepequém: R$ 180/diária (quarto duplo)
O que levar:
- Roupas leves (se tiver camisas de manga longa e calça de tecido leve para caminhada, perfeito);
- Sapatilhas multiesportivas;
- Cantil (hidrate-se sempre!)
- Repelente;
- Protetor solar;
- Chapéu ou viseira;
Guia/Condutor:
- Shâmara Saraiva – 95 98122-2396
- Thiago Sabino – 95 99126-8760
- Francisco Pereira – 95 98403-8548
* Imagens: Anderson Vasconcelos e Shâmara Saraiva