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Foto do escritorAnderson Vasconcelos

O que fazer na Rota das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul

Para conhecer os principais atrativos, programe um passeio de 3 a 5 dias pela região.

Patrimônio da Humanidade, as ruínas de São Miguel das Missões são o ponto forte do roteiro


Um compromisso agendado com bastante antecedência (dois anos antes!), me fez seguir, mais uma vez, para um destino no Rio Grande do Sul repleto de atrativos que conectam cultura, espiritualidade e história da formação do sul do continente: a Rota das Missões, uma região marcada por vestígios do cotidiano missioneiro e evidências da convivência entre jesuítas e guaranis, no noroeste gaúcho (bem como na Argentina e no Paraguai). No nosso caso, é um roteiro também cheio de afeto - é onde mora uma grande amiga, motivo que nos “convida” a atravessar, literalmente, o país (são quase 3.000 km em linha reta desde Manaus) e a descobrir algo novo a cada oportunidade naquela região.


Nessa 3ª visita ao destino (a 1ª do nosso pequeno Zezé!), chegamos a Santo Ângelo, nossa base para explorar a rota missioneira, após 15h de viagem de ônibus (R$ 235/pessoa) a partir de Curitiba, depois de uns dias curtindo a capital paranaense. Ao avançar o transporte pela estrada, nesse trajeto de aproximadamente 760 km, só aumentava a nossa expectativa para encontrar amigos que não víamos desde o nosso último “tour” pela área, em 2015. E dessa vez seria bem especial: chegamos numa manhã ensolarada de sábado, bem no dia de celebrar o debute da filha da nossa amiga. Uma festa de 15 anos pra lá de especial, em um dos principais salões no centro da cidade, numa noite memorável.


Conhecida como “capital das missões”, Santo Ângelo fica a 440 km de Porto Alegre (cerca de 6h de distância de carro) e é a cidade mais populosa, com mais de 76 mil habitantes, entre as 26 cidades que integram a rota. No município, é hábito local ocupar as praças nos fins de tarde e, principalmente aos fins de semana, para curtir em família, com amigos ou simplesmente aproveitar a vida, sem pressa. A principal delas, praça Pinheiro Machado, é bem em frente ao ponto turístico mais simbólico do destino: a Catedral Angelopolitana.


Foi em frente à ela que Lourraine, carinhosamente “Lou”, a debutante, fez um dos ensaios para marcar a passagem de aniversário, diante da imponente igreja, construída em homenagem aos Sete Povos das Missões, cujo início das obras se deu em 1929. Em estilo barroco hispânico, a catedral é rica em detalhes e com estética rebuscada, razão pela qual chama atenção de quem visita o local. É, por vezes, o ponto final de muitos roteiros pela região. No nosso caso, era sempre ponto de partida: estávamos hospedados a 160 m desse atrativo, no apartamento da nossa hostess, em uma das principais vias do município, gentilmente preparado para nossa chegada. Não tinha como não curtir a praça quase que diariamente e “sentir” a cidade.

A 6,5 km da Catedral, mais ao norte, está o Santuário Missioneiro de Schoenstatt (entrada gratuita), com acesso pela RS 344. Um local não somente para agradecer pelas dádivas da vida, como fazem os peregrinos que recorrem até o lugar, em especial à capela com arquitetura bem peculiar (há várias como ela espalhadas pelos continentes), como também para experimentar a paz que esse atrativo bosqueado transmite. Ideal para uma tarde em família, num piquenique, por quê não?! Ou simplesmente estar ao lado dos seus e curtir quem você ama.


Seguindo pela RS 344 (que se confunde com a BR 392) agora no sentido sul, se chega a Entre-Ijuís, outro destino do roteiro missioneiro, distante cerca de 7 km da Catedral Angelopolitana, conhecido como “Portal das Missões”, em virtude de estar localizado no caminho que dá acesso a vários municípios da rota. Quase que diariamente fazíamos o trajeto até Entre-Ijuís, nas duas semanas que passamos pela região, para acompanhar a programação com a família que nos acolheu - ela mora numa casa bosqueada, cheia de árvores frutíferas e até uma parreira “colada” na varanda, às margens do rio Ijuí, um dos cursos d’água que “empresta” o nome à cidade.



Se Ângelo é santo padroeiro do município mais populoso da “Rota das Missões”, em Entre-Ijuís os devotos são de São João Batista. Na principal via da cidade, a BR 392, há uma capela dedicada ao patrono e, mais distante da zona urbana da cidade, um sítio arqueológico, com um conjunto de ruínas remanescentes da redução jesuítica de São João Batista (entrada gratuita), que fazia parte dos Sete Povos. Para chegar até ele, basta seguir pela BR 392, pegar a BR 285, e seguir por cerca de 15 km até virar à esquerda numa vicinal, indicando o caminho até a antiga redução, onde se encontram resquícios da estrutura de um cemitério, uma igreja e um colégio. O local é administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


Pela BR 285 também se chega a um dos pontos mais visitados e, sem dúvida, dos mais emblemáticos de todo o roteiro: as ruínas de São Miguel das Missões (terça a domingo das 9h às 12h e das 14h às 18h; às segundas, somente pela tarde; R$ 15/pessoa; R$ 5/criança a partir de 7 anos), no município homônimo, patrimônio histórico e cultural da humanidade desde 1983. Junto com um sino, uma cruz e um museu, as ruínas formam o sítio arqueológico mais conhecido da Rota das Missões. Ao deixar Entre-Ijuís, siga por aproximadamente 32 km nessa rodovia até pegar à esquerda, acessando a RS 356. Logo na entrada da estadual, há um pórtico que serve de “parada obrigatória” para o registro da passagem pelo lugar. No caminho terá a companhia de girassóis.



A partir do portal, é só seguir por cerca de 15 km para ficar de queixo caído com a grandiosidade arquitetônica do antigo templo, mesmo em ruínas. O sítio histórico impressiona ao mesmo tempo em que nos faz conectar com a energia daquele passado, sobretudo se você decidir conferir o espetáculo “Som e Luz” (R$ 25/pessoa; R$ 10/criança a partir de 7 anos), que ocorre todas as noites, a partir das 20h (dura cerca de 50 mim), com Fernanda Montenegro e Lima Duarte, entre outros no elenco, “emprestando” a voz na narração da história (a gravação é de 1978) que conta o início, o desenvolvimento e o fim da experiência entre jesuítas e guaranis.


Depois da visita às ruínas, fizemos um piquenique numa área verde próximo ao sítio histórico, fazendo “hora” até começar o espetáculo. Enquanto a turma aguardava comendo e colocando o papo em dia, eu e Zezé entramos - queria que ele sentisse um pouco aquela apresentação chamativa aos olhos e aos ouvidos. E o pequeno reagia com surpresa a cada vez que as luzes projetadas sobre as ruínas mudavam de cor. Não vou contar mais, eu prometo! Pertinho dali, uma lojinha de artesanato oferece souvenirs com motivos da região.



E para a experiência ser completa, por que não um programa também atraente ao paladar? No vai e vem pela BR 285, na busca pelos atrativos da “Rota das Missões”, está a Vinícola Fin, a 12 km da zona urbana de Entre-Ijuís (pra mim, um super bônus da programação!). Ela fica aberta para visitação todos os dias e você pode conferir da plantação dos diferentes tipos de uva à seleção dos melhores vinhos da casa, pedindo para serem degustados… risos! Peguei sucos de uva e de tangerina (gostei muito desse!), para os menores de 18. E, aos maiores, alguns rótulos malbec, merlot e tannat (o que eu mais curti!), para a alegria nossa e de alguns amigos que ainda encontraríamos naquelas férias.



Antes de deixar a região, ainda conhecemos o Pesque e Pague Havaí, a caminho de Santa Rosa (a cidade onde nasceu a “rainha dos baixinhos”), ideal para um programa de fim de tarde em família ou com amigos (foi o que a turma fez ao celebrar mais um mês de vida do pequeno Arthur). Deu ainda para apreciar, mais uma vez, as delícias da Kempers Haus, delicatéssen que serve, na minha opinião, um dos melhores doces refinados da região (anote essa dica!) e de experimentar os sabores do Café Cultura Santo Ângelo, que além das delícias, tem um ambiente fino e aconchegante. Curtir uma noite animadíssima na Empire Club, no centro de Santo Ângelo. E, claro, curtir aqueles dias quentes (do verão e do calor da nossa relação! risos) na piscina, ao redor da mesa (nos incontáveis churrascos e até uma paella do nosso masterchef cuja fama já atravessou o Brasil!), na companhia de bons vinhos e amigos. Nessa rota a gente se sente em casa!


ANOTE AÍ!

Quando ir:

Por estar no extremo sul do país, numa zona de clima temperado, o Rio Grande do Sul tem as estações bem definidas. Entre dezembro e março, no verão, a temperatura sobe, com máximas em torno de 30°C e dias quentes e abafados. A sensação de calor é intensa. No meio do ano, entre junho e agosto, no inverno, as temperaturas caem, mas em compensação o clima fica muito seco, sobretudo em julho, quando as mínimas podem marcar 10°C. Entre março e maio e setembro e novembro, as temperaturas são mais agradáveis.. Outubro é o mês que mais chove na região.


Transporte:

- Ônibus de Porto Alegre a Santo Ângelo: R$ 133,67 (Viação Ouro e Prata)

- Ônibus de Santo Ângelo a Entre-Ijuís: R$ 6,60 (Viação Ouro e Prata); R$ 7,80 (Real); R$ 8,10 (Reunidas);

- Ônibus de Entre-Ijuís a São Miguel das Missões: R$15,50 (Antonello Turismo Ltda)


A partir de Santo Ângelo, caso prefira fazer roteiro por conta própria, considere também alugar um carro. As estradas nessa região estão em boas condições e os atrativos ficam relativamente próximos. Se precisar fazer bate-volta entre Santo Ângelo, considere também usar app de mobilidade: o Garupa é o único disponível na localidade. Se preferir fechar roteiro com agência e deixar por conta dela a programação, considere os roteiros oferecidos pela Missões Turismo e pela operadora Caminho das Missões. Durante os dias na rota missioneira, fizemos todos os passeios com amigos que moram na região, que gentil e carinhosamente nos apresentaram o melhor do destino.


Onde ficar:

- Hotel Maerkli (Santo Ângelo): R$ 259 (quarto duplo, com café da manhã);

- Villas Hotel (Santo Ângelo): R$ 395 (suíte família, com café da manhã);

- Tenondé Park Hotel (São Miguel das Missões): R$ 363 (quarto duplo, com café da manhã);


O que levar:

- Roupas leves (e um agasalho para programação à noite);

- Tênis ou outro calçado adequado para caminhada;

- Cantil (hidrate-se sempre!)

- Protetor solar;

- Chapéu ou viseira;


* Imagens: Anderson Vasconcelos, Maik Rodrigues, Eduardo Rocha e Felipe Wendt.


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