Parques, bosques, praças...não faltam opções de programa ao ar livre na cidade
Cartão-postal, o Jardim Botânico é uma das atrações mais belas da capital paranaense
Curitiba já estava nos meus planos há algum tempo, mas faltava o momento certo. Nunca escondi minha preferência por destinos de praia, o que geralmente me atrai nas férias, mas dessa vez pintou a oportunidade e decidimos conhecer o “mar” de razões que faz da capital paranaense, a cerca de 100 km do litoral, uma urbe que combina bem gestão urbana, transporte coletivo e cuidado com o meio ambiente, razão pela qual ela é conhecida como cidade modelo, cidade verde, entre outros predicativos. A cidade é a mais populosa do Sul do país, a única capital que eu ainda não conhecia naquela região. E vou contar pra vocês: deu match!
Chegamos ao município nas primeiras horas do dia e seguimos direto pra hospedagem, no Centro, para pegar boas horas de sono, antes de curtir os atrativos no primeiro dia, em um super giro com a linha especial de Turismo, que passa por 26 pontos de interesse. E, honestamente, não haveria escolha melhor: os motivos vocês vão perceber ao longo do texto, mas o primeiro deles, é que, coincidentemente, uma das paradas do ônibus era exatamente na porta do hotel (pertinho do Mercado Municipal, um dos atrativos).
Com um cartão individual (R$ 50/pessoa, a partir de 6 anos) que dá direito a embarques ilimitados num prazo de 24 horas, você pode descer em qualquer uma dessas atrações e explorar o local. O ônibus passa a cada meia hora e segue num único sentido. A linha percorre cerca de 48 km, em aproximadamente 3 horas. Optamos por conhecer alguns atrativos localizados mais distantes da nossa hospedagem, o que rendeu excelente custo-benefício, pois o investimento seria bem maior se alugássemos um veículo ou se utilizássemos as corridas em app de mobilidade.
City tour diferenciado
Para aproveitar melhor a programação, tomamos o 1º ônibus que passa naquele ponto, pouco depois das 9h. Nossa primeira parada foi no Bosque do Papa, em homenagem, como o nome sugere, ao pontífice da Igreja Católica, e inaugurado após a visita de João Paulo II a Curitiba, em 1980. No mesmo atrativo está também o Memorial Polonês, que reúne aspectos e elementos da história da imigração polonesa à capital paranaense - uma história de um século e meio na cidade. No local, cheio de flores, há sete casas feitas de troncos encaixados. Em quase todas, tudo chama atenção aos olhos (há uma lojinha com souvenirs funcionando em uma das casas), mas em uma delas (a capela) é preciso ouvir o silêncio.
De lá, seguimos a pé para o Museu Oscar Niemeyer, distante 750 metros. Dez minutos de caminhada e já nos deparamos com aquele que é considerado o maior museu da América Latina, tão grande quanto o arquiteto que empresta o nome ao espaço. Numa área de 35 mil metros quadrados, não faltam referências da arte daqui e de fora. Difícil mesmo é concentrar numa só exposição, num objeto, num detalhe. São linhas, cores, design, arquitetura, artes visuais saltando aos olhos e sabendo da importância deles, Niemeyer criou até um anexo, popularmente batizado de Olho. Pega essa visão! Na página do MON se pode conferir as exposições em cartaz e já garantir o ingresso.
A parada seguinte foi no Bosque Alemão, atrativo que garante um dos visuais mais incríveis de Curitiba. Do alto da Torre dos Filósofos, a 15 metros do chão, se vê o verde que abraça a cidade, enquanto os edifícios tingem de variadas cores o skyline. Depois de um clique (vários, na verdade!), descemos a escadaria que conecta a torre à trilha João e Maria, onde se pode conhecer a história de um dos contos mais famosos dos irmãos Grimm, contada ao longo de todo o caminho, através de painéis de azulejo. No meio do percurso, as fábulas ganham vida na Casa Encantada, onde funciona uma biblioteca focada em literatura infantil. Do lado de fora, mata atlântica nativa e várias nascentes. Ao fim da trilha, a fachada de uma casa que funciona como uma espécie de portal marca a influência germânica na cidade.
Já no fim da manhã seguimos para um dos pontos turísticos mais procurados por quem visita Curitiba: o Ópera de Arame (R$ 15/pessoa; R$ 7,50, para crianças entre 5 e 11 anos), que respira cultura em meio à natureza, reunindo todo tipo de espetáculo. O atrativo é um dos símbolos mais emblemáticos da cidade, muito em virtude de sua estrutura tubular metálica, ao lado de uma pedreira. A atração, que levou apenas 75 dias para ficar pronta, é um convite não só para os olhos. No local, há um palco flutuante no lago do teatro que recebe música ao vivo instrumental ao longo do dia, perfeito para quem pretende fazer uma refeição enquanto curte o Vale da Música (apresentações de terça a domingo, das 10h às 18h), como o projeto é chamado.
Foi o que fizemos, apesar de a experiência no restaurante não ter sido, digamos, perfeita. O espaço é incrível, a música super agradável, a comida muito boa, mas o pedido demorou quase 1 hora e meia pra ficar pronto, o que pode ser um pouco estressante, sobretudo se você tiver com muita fome (Né, Maik? Geralmente sou eu que me irrito com esse tipo de situação - a fome mexe com meu humor, mas nesse dia eu estava bem trabalhado no equilíbrio…rsrsr). Pedimos um risotto funghi com tiras de mignon, e enquanto os pratos não chegavam, eu e Stella - uma mineirinha de Uberaba, gente boa demais da conta que conhecemos durante o tour - decidimos aproveitar o chopp. Aquela demora não nos afetaria, não mesmo. Antes de sair, não deixamos de notar a importante frase sobre o vinho, atribuída a Napoleão Bonaparte: “nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário“.
Após o almoço, naquele dia de vitória (risos!), seguimos para o Parque Tanguá, na zona norte da cidade, um dos que eu mais curti em todo o passeio. Localizado em uma região de pedreiras desativadas, o parque é um exemplo de como recuperar um espaço degradado e transformá-lo em um ambiente agradável para seus usuários. É um ótimo local para fazer um piquenique ou simplesmente relaxar. Com espaço para caminhar, correr ou mesmo pedalar, o Parque conta com um grande espelho d’água, duas torres e um deck metálico que garantem um visual bem bonito da cidade e de onde se pode apreciar uma cascata de 65 metros de altura jorrar sobre um lago cercado de verde e cheio de exemplares da flora e da fauna local. Conferi de vários ângulos e vou antecipar: é de tirar o fôlego!
De lá seguimos para o Memorial Ucraniano, atrativo que exibe aspectos da influência ucraniana na região. Na entrada, ao passar por um portal, de mais de 5 metros de altura, é como se você estivesse se transportando para um outro tempo. As construções são todas em madeira e estilo bizantino. De cara, chama atenção a capela de São Miguel, réplica da versão construída na Serra do Tigre, no município de Mallet. No local, há uma exposição permanente de ícones da influência do país do leste europeu, como as pêssankas, ovos pintados à mão. Se quiser levar alguma, há uma casa típica da arquitetura ucraniana que funciona como lojinha, onde há pêssankas de todos os tamanhos, produtos artesanais, além de outros souvenirs. A propósito, no Memorial há uma pêssanka gigante, feita pelo artista Jorge Seratiuk. O atrativo está em ampla área verde, dentro do Parque Tingui, ideal para fazer um piquenique, passear ou simplesmente ver a vida passar, sem pressa.
Não era o nosso caso. Com a proximidade do fim do dia, tomamos a linha especial mais uma vez, com intuito de conferir o pôr-do-sol do alto da Torre Panorâmica (R$ 6/pessoa a partir de 10 anos; R$ 3/crianças de 5 a 9 anos), um dos pontos mais altos de Curitiba e por meio do qual se pode ter uma vista em 360 graus da capital, avistando até a Serra do Mar, onde fizemos um passeio de trem (isso é assunto pra outro post!). Com quase 110 metros de altura (equivalente a um prédio de 40 andares), a torre tem um mirante que proporciona uma visão geral da cidade. Chegamos bem em cima da hora, no último horário para entrada (precisa agendar!), às 17h30. Mas, com tempo suficiente para conferir o visu, antes de pegar, mais uma vez, a linha de turismo até o nosso hotel e “recarregar as baterias”.
Cartão-postal da cidade
Depois de um dia beeeeem corrido, decidimos aproveitar um dos principais cartões-portais da cidade com muito mais calma. Como nosso hotel era próximo do atrativo, reservamos o segundo dia para uma programação mais tranquila no Jardim Botânico, o ponto turístico mais visitado da cidade. E não faltam motivos para explicar o porquê, a começar por sua beleza. Como nos jardins franceses, o Botânico é cheio de vários caminhos rodeados por flores e praticamente todos eles levam à famosa estufa que abriga espécies da botânica nacional.
Na passagem pela estufa foi uma grata surpresa encontrar algumas espécies de palmeiras que temos no nosso espaço verde em casa. O atrativo é concorrido e, às vezes, é preciso aguardar um cadinho para fazer um bom clique. Nada que prejudique a beleza do lugar e a visita. O segundo piso da estufa também rende um visual interessante do jardim e seu traçado. Por trás dela, uma galeria em formato de túnel proporciona uma experiência sensorial ao expor espécies das quatro estações: em cada canteiro se pode conferir as plantas e flores típicas da primavera, verão, outono e inverno. Imperdível!
Exploramos também todos os sentidos no Mercado Municipal, ponto turístico localizado praticamente em frente ao hotel onde ficamos hospedados. Muitas opções saltando aos olhos, aguçando o olfato e o paladar, como os frutos, especiarias e sabores da região, além de uma variedade enorme de artesanato, souvenirs e lembranças exaltando os destaques regionais.
À noite, fomos à “famosa” Rua 24 horas, com intuito de aproveitar esse atrativo em algum barzinho ou restaurante, mas nossa expectativa foi frustrada. A imensa maioria dos estabelecimentos estava fechada e somente duas ou três opções funcionando e pouquíssimo movimento. Preferimos seguir para o Shopping Estação, que conta com aproximadamente 150 lojas, entre elas um play bem legal para crianças (Zezé nem gostou…rsrsrs).
Centro da capital
Para quem curte uma muvuca, o 3º e último dia de programação na capital pedia um “bate-perna” pelo Centro. Por isso, o nosso programa seguiu para a Rua das Flores, uma das principais vias da cidade e das primeiras experiências exclusivas para pedestres no país. Bem extensa, repleta de lojas, restaurantes, serviços e muita gente circulando pelo local, a rua é bem colorida, muvucada e ideal para sentir o calor da cidade. Fizemos algumas compras, almoçamos em um restaurante por lá e encerramos o passeio próximo a uma feirinha, na altura da arborizada Praça Osório, onde o agito urbano se intensifica.
De lá, seguimos a pé, numa caminhada de 10 min, para o Centro Histórico, conhecido como Largo da Ordem, onde antigos casarões foram transformados em restaurantes, bares e espaços culturais. Naquele setor, não deixe de conhecer a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, a mais antiga da cidade, e o Memorial de Curitiba, que “respira” arte urbana. Naquelas ruas de pedra, aos domingos, acontece a disputada feirinha de artesanato, ponto de encontro de curitibanos e visitantes. Como precisamos deixar a cidade dois dias antes, o nosso “sextou” foi no Bar do Alemão, já consagrado, ali na Ordem, como um dos atrativos do local, em virtude do estilo tradicional das tabernas germânicas, os trajes típicos e, óbvio, das cervejas. Eu e Maik alternamos entre as opções pilsener e weissbier e, claro, o chopp submarino (queridinho da casa!) - uma caneca de chopp com uma canequinha dentro, servindo de souvenir. Uma ótima maneira de mergulhar nessa viagem, não?
ANOTE AÍ!
Quando ir: Novembro a março é o período mais quente em Curitiba e também o mais chuvoso. A temperatura chega à faixa dos 25º C e a precipitação, sobretudo nos meses de janeiro e fevereiro fica em aproximadamente 200 mm. Estivemos na cidade no início de dezembro e, felizmente, fizemos todos os passeios ao ar livre em dias ensolarados. De junho a agosto, a temperatura mínima fica em 10º C. A precipitação, nessa época, cai à metade, em comparação ao fim e início de ano. Os melhores meses para visitar a cidade são abril e maio (outono) e setembro e outubro (primavera), quando as temperaturas estão mais agradáveis e não chove tanto. Entretanto, independente da época do ano em que você visite a cidade, tenha sempre em mãos um guarda-chuva e um casaco. Na capital paranaense, o tempo muda fácil e a chuva chega sem avisar.
Transporte:
- Aéreo saindo de: Manaus (R$ 890/GOL), Brasília (R$ 459/GOL) e São Paulo (R$ 398/TAM).
Onde ficar:
- Rede Mercado Andrade Hotel: R$ 91 (quarto duplo, com café da manhã);
- Rede Andrade Vernon: R$ 97 (quarto duplo, com café da manhã);
- Intercity Curitiba Batel: R$ 235 (quarto duplo, com café da manhã);
O que levar:
- Roupas leves;
- Tênis ou outro calçado adequado para caminhada;
- Cantil (hidrate-se sempre!)
- Protetor solar;
- Chapéu ou viseira;
- Casaco/Guarda-chuva (não seja surpreendido pelo tempo).
Imagens: Anderson Vasconcelos, Maik Rodrigues e Stella Ramos.
Muito Bom! Adorei todas as preciosas dicas. Parabéns!!!! 💙🥰😍🙏